Seguindo com a tradição dos últimos anos, a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) realizará nesta semana, hoje (16) e amanhã (17), um evento para homenagear os principais nomes do setor nuclear do país. Neste ano, o encontro ganha um novo formato e um novo nome: Nuclear Legacy 2022. Outra novidade é o local da cerimônia, que acontecerá em um lugar histórico do Rio de Janeiro, o Palácio do Itamaraty, no Centro. O evento terá a participação de Mauricio Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que fará uma palestra sobre a transição energética brasileira. Já Leonam Guimarães, ex-presidente da Eletronuclear, falará em um painel a respeito do Passado, Presente e Futuro da Tecnologia Nuclear Brasileira.
Para o presidente da Associação, Celso Cunha (foto), a iniciativa de destacar publicamente os grandes avanços do segmento nuclear joga luz sobre sua capacidade de transformar o país. “É o momento em que declaramos que o Brasil está pronto e tem as pessoas certas para avançar com suas políticas nucleares”, afirmou. Hoje, primeiro dia do Nuclear Legacy, serão promovidas rodas de debate ao vivo com participantes das empresas associadas da ABDAN sobre temas variados no setor. Também nesta quarta-feira serão realizados os painéis com Tolmasquim e Guimarães. No segundo dia, haverá um evento para promover networking e prestigiar iniciativas marcantes do cenário nuclear em 2022. Serão homenageadas personalidades do setor em 6 categorias: Medicina Nuclear, Relações Institucionais, Comunicação, Desenvolvimento do Setor Nuclear, Pesquisa e Inovação, Tecnologia e Defesa.
Atualmente, a energia nuclear é responsável por 3% da matriz energética no Brasil. A emissão de gás efeito estufa é praticamente zero, ela não libera nem dióxido de carbono (CO2), nem enxofre, nem mercúrio no meio ambiente. O país tem a 7ª maior reserva de urânio do mundo, e sinalizou a construção de 8 a 10 novas usinas até 2050.
Uma usina de reator duplo que ocupa cerca de 400 mil metros quadrados tem capacidade de abastecer 2 milhões de residências. É o caso, por exemplo, de Angra 1 e Angra 2, que juntas podem fornecer energia elétrica para mais de 3 milhões de residências. Se uma pessoa usasse energia nuclear durante toda sua vida, o lixo resultante seria suficiente apenas para encher uma latinha de refrigerante.
Um grande exemplo de inovação no setor de geração de energia que são os SMRs – Small Modular Reactors. De tamanho reduzido e com um plano de integração simples, os pequenos reatores modulares podem substituir a potência elétrica de muitas plantas de carvão e de gás, reduzindo emissões e alcançando localidades dificilmente acessíveis ou isoladas.
Já no segmento alimentar, podemos destacar a técnica de conservação por exposição à radiação ionizante, menos comentada aqui no Brasil, porém uma realidade muito comum em países como Estados Unidos, México, Austrália e vários países da Ásia. Trata-se de uma técnica segura e simples, uma vez que o produto pode ser tratado já na sua embalagem final e nenhuma adição química é realizada.
Tratar alimentos com radiação, além de prolongar sua vida útil, traz outros benefícios: reduz patógenos e retarda processos naturais fisiológicos, realiza a desinfestação de insetos e garante a segurança fitossanitária para exportação. É um processo limpo e seguro e os alimentos tratados com radiação são naturais, saudáveis e permanecem frescos por mais tempo.
Na medicina, o setor também exerce forte atuação e é fundamental. Porém o Brasil ainda está caminhando a passos não muito rápidos. Atualmente o país depende de outros para conseguir matéria prima. A tecnologia nuclear desempenha um papel significativo no setor médico, com a produção de isótopos médicos para o desenvolvimento de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Todos os anos, milhões de pacientes em todo mundo se beneficiam da medicina nuclear em o diagnóstico e tratamento, como por exemplo com o câncer de tireoide.
Fonte: Petronotícias